sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Meus motivos

Quando li a matéria que postei (esta sobre os cabelos brancos das mulheres), não resisti: quis reparti-la com meus amigos. É que resolvi não pintar os meus cabelos há cerca de um ano e meio, mais ou menos. Mas, confesso, antes de pôr em prática a façanha, consultei o meu parceiríssimo amor. A resposta que obtive foi a do parceiro mesmo, aquela que, tinha a certeza, ele daria (afinal, é ou não meu comparsa?), simplesmente respondeu: "admiro-a mais ainda por isto".
Enfrentei, e enfrento, inúmeras barreiras de inaceitabilidade (esta palavra existe?!). Não é tranquilo este processo de exibir o corpo como de fato ele se encontra. A maioria das pessoas não lhe perdoa por este desaforo, esta ousadia de se mostrar na íntegra, afinal, muita coisa é futucada nesta hora: a juventude que não mais nos pertence (passamos o cargo, ora!), nossos conceitos reais do que é belo (rugas? cãs? flacidez?), sensualidade (não é esquisito ou ridículo nessa idade?)... ! Nesta época em que "matronar"  (roubo o termo de um angiologista que deu entrevista no Sem Censura em 30/09/2011) parece que não combina mais: podemos recorrer a cirurgias e procedimentos vários para iludir o tempo!
Optei por deixar o tempo mostrar-se através da grisalhice dos meus cabelos. Não é facinho, facinho, senti dúvidas se mantinha ou não a naturalidade destes meus fios encaracolados e muitas foram as tentações e cobranças: via mulheres com cabelos em castanhos douradíssimos, avermelhadíssimos, brilhosíssimos (ai que vontade!); olhava-me no espelho e o meu ar era outro (demorei a sonhar comigo sem os cabelos pintados e ainda acontece, às vezes); e os comentários que ouvi de várias mulheres foi de pedir arrego :"você tá velha!", "vem cá que eu pinto esse cabelo pra você!", "ai, Deus que me livre, parece que você tá doente, desgostosa!" e por aí iam os apelos.
Mas, passadas as primeiras tormentas, consegui. E aqui estou com meus grisalhos à mostra. Livre, leve e solta. Como sempre quis estar desde que os cabelos crespos foram liberados, lá nos fins da década de sessenta, e pude sentir orgulho dos meus cachos. Agora posso sentir orgulho do tempo exposto e comprovado no meu semblante livre de mulher de meia idade.

2 comentários:

  1. Parabéns prá você !!!

    É isso mesmo que acontece - não comigo,pois tive a sorte de herdar os cabelos pouco brancos do meu pai - mas com qualquer mulher que ouse ficar fora do sistema !

    Como já disse, continuo lendo suas ótimas postagens !
    Beijo

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  2. Obrigada, querida Flora, obrigada mesmo!
    As pessoas vão mergulhando nesse movimento e sequer se dão conta e, se tentamos falar da manipulação que sofrem, que estilo cada um tem o seu, não tem que copiar ou ser igual, padronizar, não cola. É como um véu a cobrir-lhes o entendimento.
    Tudo bem que cada um faz o que quer, mas, baseados nisto, respeitemos as escolhas alheias, né não?
    Bjsssssssssssssss, quérida!

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Muito obrigada por participar do meu blog com o seu comentário.
Bjssssssssssssssssssssssss