sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A Verdade 

A porta da verdade estava aberta,
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade,
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meios perfis
E os meios perfis não coincidiam ...
Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta,
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual
a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela
E carecia optar.
Cada um optou conforme
Seu capricho,
sua ilusão,
sua miopia.

                 Carlos Drummond de Andrade

 

2 comentários:

  1. Boa tarde Cléa :)
    Eu adoro esse poema do Drummond.
    Fazia tempo que eu não o lia.
    Bjs!!
    Ótima semana pra vc ;)

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  2. Taí, Clau, porque gosto tanto de vc!
    Tb, para mim, esta é uma poesia muito especial e sempre me refiro a ela em questões que envolvem pontos de vista: cada um tem o seu, certo?
    Bjsssssssss, quérida! Ótima semana procê tb!

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