sábado, 11 de fevereiro de 2012

AMOR DA MINHA VIDA, AMOR DA VIDA TODA

       Esta foto é do meu baile de formatura da Escola Normal : dezembro do ano de 1.971 e eu tinha apenas dezessete anos, faria  dezoito dali a dois meses. O rapaz... era o meu amor desde os meus quinze anos, quando o conheci. Sabe aquela coisa de ver a primeira vez e ficar atordoada só pensando? Foi assim. Eu suspirava e, dentro de mim, nos meus sonhos, eu o namorava. Mas ele fingia não saber. Ah, fingia, só pode! A rua inteira sabia,  o bairro inteiro sabia e, quiçá, o Rio de Janeiro inteiro sabia! Ele... fingia não saber, claro!
       E fingia tanto, e tão bem, que tornou-se o meu melhor amigo! Quase todos os dias nos víamos e conversávamos. Eu, malandramente, sabedora do horário em que ele descia pela minha rua para ir até o armazém comprar o pão (para o lanche da tarde), colocava-me bem na frente de casa, na pequena varanda com paredes em relêvo.Às vezes ficava ali, com livros e cadernos, fingindo estudar e, em outras vezes, pegava uma...( pessoal, vai ter gente por aí duvidando, mas, vamos lá!) pegava uma eletrola portátil : que era da altura de uma mala, com uns sessenta cm de comprimento por uns quarenta, quarenta e cinco de largura! Portátil! Só porque tinha uma alça e, de fato, dava pra levar de um lado para outro. Era portátil! Alguns míseros LPs e alguns COMPACTOS - os famosos vinis - compunham o cenário.
      O fato é que, por eu estar na frente da casa quando passava, ele me via, cumprimentava e, na volta, já ia entrando e se aboletando ao meu lado na varandinha! Rolava papo pra mais de metro! Era muita conversa. Entremeada com música, claro! Para terem uma idéia: começávamos o papo por volta das quatro, cinco da tarde e, em alguns dias, o rapaz só dava boa noite lá pelas onze da noite! Isso depois que o meu pai tinha o terceiro ou o quarto acesso de tosse para chamar a atenção do dito cujo. Papai tossia para ele se mancar e ver a hora, eu suspirava mergulhada naqueles olhos apertadinhos, escuros, que... não me viam!
       O tempo passava e eu mais suspirava, mais me encantava, mais me apaixonava. Até o dia em que o vi descendo a minha rua, de mãos dadas, com uma menina tão bonita! Alta, branquinha, cabelos longos... magra, braços delgados e elegantes... uma namorada! Que, claro, não era eu! Por que não? Por mais de três anos estivera ali, esperando, ansiando, amando! À toa? Amara sozinha? Então, ele não era tímido? É, timidez! Chamara de timidez o jeito dele nunca me tratar como uma garota que lhe despertasse os hormônios. E acreditara. Acreditara que, embora gostasse de mim, sua timidez o impedia de tomar qualquer atitude. Senti-me a mais tola das criaturas, a mais idiota, a mais imbecil! Por quê? Por que ele nunca me falara que estava namorando? Se éramos amigos, porque não me contara? Por quê? Por quê?

       Cléa Siqueira









20 comentários:

  1. Adorei a foto, um retrato dos anos 70!

    E o rapaz? por onde anda esse senhor? sumiu no mundo?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É bem típica da época, né? Tb adoro esta foto! E as do álbum da formatura? São incríveis!
      Bjsssssssssssssss, quérida!

      Excluir
  2. OI AMIGA!
    NÃO DÁ PARA ENTENDER...
    COMO ELE FEZ ISTO CONTIGO?
    SERÁ QUE ACHOU SER SÓ AMIZADE...MAS SE TODOS SABIAM QUE GOSTAVAS DELE...
    POR ONDE SERÁ QUE ANDA,NÃO O VISTE MAIS?
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não dá para entender mesmo, Zilani e ninguém entendeu, foi um grande mistério!
      Bjsssssssssssss, quérida!

      Excluir
  3. Oi amiga adorei ver vc nos anos 70, meu cabelo era bem parecido com o seu hehe. Mas que menino cruel hein Irene, sabia que vc gostava dele, disso não duvido, mas talvez ele não teve coragem de chegar em vc e falar cara a cara, preferiu que vc descobrisse, passando com a namorada de mãos dadas em frente a porta da sua casa, achando assim que não ia te ferir, olhando nos olhos, mas mal sabe ele que foi a atitude dele que te feriu mais. Vai saber o que passou na cabeça dele. Não soube mais dele miga? O primeiro amor realmente marca né? Amiga hoje é domingo sim como, segunda??? Acorda owwww...bjos heheh e reafirmo. Ótimo domingo pra ti..hehe...bjos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah, esses cabelos! Foram o meu passaporte para a única liberdade que eu supunha ter! Curti muito, aliás, curto até hoje pois detesto essas coisas definitivas que inventaram para as mulheres - que embarcaram no modelo estabelecido pela sociedade!
      Pois é, o primeiro amor a gente não esquece mesmo, acaba esquecendo é o dia da semana! rsssssssssssssssss
      Bjssssssssssssssss, quérida!

      Excluir
  4. É amiga já vi que a idade anda afetando nossos neurônios, vc trocando o domingo pela segunda e eu trocando Cléa por Irene kkkkkkkkkkkk
    A coisa ta feia kkkkkkkkk
    Desculpe trocar seu nome miga, acabei de sair do blog da Irene e fui no embalo. A coisa ta feia mesmo kkkkkk Bjocas

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Viu só, saquei que vc tava me chamando de Irene por conta de alguma Irene que tinha falado recentemente, por isto deixei pra lá, até pq, se eu havia trocado o dia da semana pq vc não podia trocar o meu nome, né? rsssssssssssssss Acontece! Até com mulheres tão legais e espertinhas como nós! rssssssssssssss
      Bjsssssssssss, quérida!

      Excluir
  5. E se a gente procurasse esse tal e desse uma "surra" nele agora?...rs...r....
    Adoro suas histórias.
    Bjs

    ResponderExcluir
  6. Obrigada, querida Maristela, obrigada mesmo!
    Já anotei a sua idéia! rssssssssssssssss
    Bjsssssssssssssssss, quérida!

    ResponderExcluir
  7. Acho que ele gostava de vc como amiga mesmo, alguém com quem podia conversar, trocar ideias, ouvir música. Se nunca lhe falou da menina, talvez fosse por medo de se afastar dele, será que não?
    E vc o dispensou até como amigo? Sei lá, acho que eu o quereria por perto, do mesmo jeito. Na foto ele tem um "quê" de Rodrigo Santoro, cabelos à parte. Mas o rosto me lembrou. E vc não respondeu por onde ele anda. Será um capítulo à parte? rsrs
    Boa semana.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sabia que você não é a primeira pessoa a achá-lo com um "quê" de Rodrigo Santoro (cabelos à parte, claro!)? rssssssssssss
      Às vezes também penso como você : que ele não me contou da namorada porque temia perder a nossa amizade, mas não sei, não sei mesmo!
      Bjssssssssssssssssssss, quérida!

      Excluir
  8. Bom dia Cléa :)
    Acho que ele era tímido mesmo...
    E a outra,conseguiu fisgá-lo,pois talvez tenha dado em cima dele,rsrs.
    Não sei,é apenas uma hipótese.
    Mas,ele certamente gostava de vc (como amiga),afinal ficava horas e horas curtindo um som contigo.
    Bjs!
    Boa semana!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, querida!
      Será que era tímido mesmo? É, como amiga, gostava, mas eu queria mais muito mais, né?
      Boa semana procê tb!
      Bjsssssssssssssssssss, quérida!

      Excluir
  9. Ele pode não ter correspondido, mas o amor você viveu inteiro um amor só seu, hoje ( maduras) entendemos que a várias formas de amar e com certeza ele te amou, não da maneira que você gostaria mas te cortejou durante anos. Coisa boa lembrar deste tempo onde a fila nem andava(como se diz hoje)ficamos estacionadas esperando o nosso amor chegar nem que fosse só para conversar, estar perto já alimentava nossos coraçõezinhos.
    Bjs e boa semana

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Também penso assim, Marta, que a maturidade nos confere entendimento mais amplo das situações da vida. E creio que, de alguma forma,havia cativado o seu coração.
      E, de fato, é muito bom lembrar desse tempo em que a gente namorava, no sentido de ficar embevecida, estacionada (como vc disse) esperando o amor chegar, haja coraçãozinho!
      Bjsssssssssssssss, quérida!

      Excluir
  10. Cléa querida,adorei a história,a foto e todos os detalhes dessa paixão platônica,que com certeza a maioria de nós viveu um dia na sua mocidade!
    Mas quer saber mesmo qual a pergunta que não quer calar?
    Se ele descia a rua,por volta das 4 ou 5 horas da tarde pra comprar o pão do lanche e na volta se aboletava na sua varanda até as 11 : Isso quer dizer que o pão ficava ali também e a turma a esperar pelo bendito o resto da tarde ???
    hahahahahaha
    bjs
    Patricia Petro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah, boa pergunta! Acontece que os pais trabalhavam, o irmão do meio estava em outra cidade estudando e o pão era apenas para ele e a irmã caçula - que talvez não fizesse tanta questão assim do pão!
      Daí que, ou o pão era consumido totalmente em minha varanda, aos beliscões, ou conseguia sobreviver (pela metade) e era levado para casa embaixo do braço (imagine, bem temperadinho! rsssssssss)!
      Bjsssssssssss, quérida!

      Excluir
  11. Eu sei o que aconteceu. Ele teve medo de perder sua amizade, se falasse em namoro, ou mesmo se não desse certo e por isso não teve coragem...
    Acabou acontecendo o que ele temeu, ou talvez, não. Os amigos , mesmo que se afastem, preservam na memória o sentimento de amizade. Com certeza ele não te esqueceu, e sempre que se lembra de você, uma doce ternura o envolve, fazendo-o esboçar um doce e inocente sorriso. Um amigo, é verdadeiramente um AMOR DA VIDA TODA.
    Bjs.
    Cissy

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida,
      só hoje vi este seu comentário! Perdoe-me!
      Leia a próxima postagem PARA QUE NÃO SE PERCA: ESTE E OUTROS. Vc vai entender toda a história!
      Bjssssssssssssss, quérida
      P.S.: E vc está certa: "Um amigo é, verdadeiramente, um AMOR DA VIDA TODA".

      Excluir

Muito obrigada por participar do meu blog com o seu comentário.
Bjssssssssssssssssssssssss