quarta-feira, 6 de junho de 2012

Bem-me-Quer, Mal-me-Queroooo!!!


       Tudo que eu disser aqui... guardem segredo, por favor: traumas de infância e adolescência! rsssssssssssss Estou rindo, mas é sério! rssssssssssss Aliás, estou rindo porque sou sem vergonha mesmo e adoro rir dessas coisas que me fizeram padecer em algum momento (Freud explica?!!!).
       Bom, quando fui fazendo meus doze, treze anos, época em que nós, mulheres, nos descobrimos feias ou belas, comecei a pensar que alguma coisa não ia bem das pernas comigo. Olhava-me no espelho e os olhos grandes, estufadinhos e caídos como os de um cordeiro caminhando para o sacrifício, além de um nariz de batata (como todos ao meu redor faziam questão de anunciar), não me davam muita segurança sobre meu aspecto físico. Ah, meus amigos, como sofri na adolescência! rsssssssssssssss Não bastasse o cabelo que jamais balançava ao vento e jamais me daria uma franja farta e móvel para eu sacudir charmosa, né não? rssssssssss
       E ainda tinha a tal história de ser pisciana. O que será isso? Confuso!!! Observando o símbolo do signo de Peixes já se vê que conflito ali é o que não falta: um peixe nada para um lado e o outro vai exatamente para o oposto! Bom isso, né não? Não sei se vou, não sei se fico! Daí que encontrar um jeito de me arrumar (ou me ajeitar?) para sair, passear, ir às festas ou à missa, era um desacerto! A roupa era mais fácil porque não tinha muita variedade mesmo: três meninas numa família modesta, faziam reciclagem das roupas e acessórios, certo?  Por um bom tempo herdei as roupas da mais velha, até que fiquei do mesmo tamanho que ela, então quando ela "perdia" a roupa, eu "perdia" junto! Não dava mais em nenhuma das duas! Mas e o rosto? Como fazer dois olhões parecerem somente olhos? Como afinar um nariz de batata (que não era de massinha de modelar)? Como soltar uma franja numa testa com cabelos que subiam? Grandes problemas. Grandes conflitos. Queria ser bela!
       Então surgiu, em nossa casa, a maravilhosa ( na época foi o que julguei) revendedora Avon! Uau! Tinha cada coisa interessantíssima! Cada perfume e cada embalagem de perfume de endoidecer estátua! Ver aquelas fotos nas revistas da revendedora era quase um orgasmo para a vaidade feminina que despontava cheia de força. Mas sem muita coragem, como sempre, numa pisciana! Só que, ainda assim, mesmo sem coragem, era uma tentação enorme! Lembro de um perfume de embalagem amarela chamado Topázio e lembro de uma linha infanto-juvenil chamada Bem-me-Quer. Será isso mesmo? Tomara que sim porque as minhas contemporâneas, que se lembram, irão me massacrar se estiver falando (escrevendo) asneiras! rssssssssss
       Ah, voltando: nessa linha Bem-me-Quer, foi lançado (ou foi em outra?) um batom charmosíssimo! Rosa cintilante! Na verdade, eu diria: rosa cintilante violáceo! É, tinha um aspecto lilás rosado que esbranquiçava os beiços, empalidecia a cara, afundava o olhar e tornava tudo um horror! Infelizmente, somente hoje sei disso! Mas o meu pai, grande homem (grande homem inclusive no olhar para o feminino), tentou me avisar de que estava uma bosta e eu fiquei pau da vida com ele por causa disso! É que eu havia juntado a minha graninha das aulas que dava em casa (para os pequerruchos da vizinhança) para comprar o tal batom. Arrumei-me toda, com direito a perfume da mãe, e tasquei o batom! Fui a última a sair de casa para entrar no carro e ir a um almoço na casa de parentes. Então, quando chego do lado de fora da casa e me aproximo, meu pai começa a rir e pergunta à minha mãe:
       - Você já viu a boca de Cléa? Caramba! - e riu a balde! Fiquei bicuda, claro, retirei um lencinho da pequena bolsa de crochê (que carregava inclusive o tal batom) e o esfreguei nos lábios, com pressa e força. Penso que meus olhos se umedeceram de vergonha e decepção: queria estar bonita, só isso! Não queria fazer ninguém rir. Ele percebeu e tentou consertar:
       - Só estou rindo porque acho que ainda não está na hora de você pintar a boca! - ele tentava prender o riso ao mesmo tempo que se desculpava com o olhar. - Isso é coisa de moça e você só está uma mocinha, então chama muito a atenção...
       Como na era do rádio, "meu mundo caiu"! Se eu fosse de coragem e decisões não tinha tirado batom nenhum e nem tinha me importado com suas risadas. Mas, não seria eu. Claro que o passeio aconteceu, claro que não atrapalhei o passeio de ninguém, inclusive o meu, e claro que pensei naquilo por muuuuitooo tempo! No entanto, também, o tempo passa. Vamos lembrando cada vez menos de certos episódios: eles deixam de ser importantes, a não ser quando cutucados. E já adulta, jovem adulta, relembramos desse fato: eu, meus pais, minhas irmãs. Papai, com aquele seu jeito sacana, tornou a rir e me confidenciou que eu estava espantosa! Espantosa??? Penso, agora, que mais uma vez não quis melindrar-me: eu devia estar um espantalho! rssssssssssssss
       Entre risos, ele falou:
       - Você, desta cor - apontou o meu braço - (sou morena pálida, desbotada, melhora quando pego sol, aí me vingo: fico uma morenaça!) com aquele batom roxo cintilante tava de doer, minha filha!
       Não agüentei e caí na risada, aliás, todos rimos! Até porque tinha muito mais: a minha cor de pele que não combinava com a cor do batom, o cabelo avassourado pelo efeito da touca e, possivelmente, a roupa herdada que já apertava! Imaginem! Desse dia em diante, passei a lembrar do episódio com outro olhar. Um olhar de agradecimento ao meu pai porque, instintivamente, poupou-me de um desastre visual! Ou, pelo menos, de meio desastre! rssssssssssssssssssssss

       Cléa Siqueira
      

22 comentários:

  1. Oi Cléa!
    Adoro quando vc conta esses 'causos'!rsrs
    Agora fiquei imaginando como seria esse batom 'rosa cintilante violáceo'!
    É claro que no dia vc se chateou,mas seu pai pelo visto,além de ter poupado vc de um 'desastre visual',tinha muito senso de humor!
    Bjs!

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    1. Oi, minha querida,
      Esse tal rosa cintilante violáceo seria, nos dias de hoje, um lilás peroladíssimo!!! Tão peroladamente cintilante que esbranquiçava! rsssssssssssssss Imagina! Dá pra imaginar? rssssssssss
      De fato, meu pai não era um gaiato o tempo todo, mas tinha umas sacadas geniais! Demos muitas risadas juntos!
      Bjsssssssssssssss, quérida!

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  2. A, fala sério, porque sofremos tanto quando somos adolescentes e jovenzinhas? Ô fase difícil. Ainda bem que hoje em dia a cabeça está melhor, já o corpo....kkkkk
    Bjs e bom feriado

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    1. Maristela, você é dez!!!
      Isso mesmo: adolescente sofre como o cão, pelo menos comigo foi assim! Eu estava em desarmonia com todas as coisas à minha volta, parecia que ninguém me amava, ninguém me entendia, eu era a mais esquisita, desajeitada, ufa! Fala sério, mesmo!
      Pois é, quando a cabeça melhora... o corpo estraga! rssssssssssss
      Bjsssssssssss, quérida, bom feriado procê tb!

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  3. Rsssss, ai... deixa eu parar de rir para poder escrever, Clea. Vc e teus causos são o máximo,menina.E que memória precisa, heim? Lembra até do nome do batom.Olha que a linha eu lembro tbém.A cada mês eu comprava um produto com o dinheiro da mesada economizado na merenda da escola.Pôxa, não tô tão desmemoriada assim, rsrsrs.
    Mas, te consola, muitas vezes saí feito espantalho achando que tava abafando.Coisas da adolescência.
    Adorei mais esta página!
    Bjkas,querida,
    Calu

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    1. Ai, Calu, não lembrei do nome da cor do batom não: eu só descrevi! rssssssssssssss Sei que era um rosa cintilante. E meio violáceo! rsssssssss Uma titica! Melhor era só o brilho labial! rsssssssss Só lembro mesmo, com certeza, é do nome da linha: Bem-me-Quer, uma gracinha! O cheiro então? Hummmmmmmmm delicioso, né não? Lembra?
      Que bom que fizemos parte do mesmo time de espantalhos que se achavam! rssssssssssssssssssssssssss
      Bjsssssssssssss, quérida e obrigada!

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  4. Ai ai minha amiga, mais uma vez me fazendo rir e muito e pior que isso lembrar dos tempos que eu achava que estava abafando quando na verdade parecia mais uma arvore de Natal kkkk. Fui grande consumidora da Avon e quem não era com os cabelos enrolados como os meus à cata de um condicionador que fizesse o milagre para deixa-los leves e esvoaçantes. Usava a embalagem toda mas os teimosos se recusavam a se mexer. Os batons, ai os batons, quantos não usei perolados, cintilantes que até doiam os olhos, no escuro só se via a boca kkkk os perfumes lembro de muitos: Topaze, Toque de Amor, Noite de Estrelas kkkkkkkkk mas eu adorava mesmo o Bem me quer. Tenho nariz de batata como vc, e uma vez me disseram passe sombra mais escura nas laterais do nariz que vai dar um aspecto menor. Imagine a cena: Nariz com duas riscas de sombra escura nas laterais, batom hiper cintilante rosa, adorava, rimel que deixava os cilios duros e grudados, cabelo ensebado de tanto creme, sombra azul cheguei, e saia toda prosa achando que estava abafando e linda, que ridicula kkkkkkkkkk. Hoje penso, os adolescentes de hoje estão certos quase não usam maquiagem. E eu,sigo a dica, melhor nada ao natural, do que naturalmente ridicula kkkk. Amei o texto. Bjocas

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    1. Ora, querida, rir é um ótimo remédio! Até ajuda a combater as rugas (ginástica facial)! Viu? rssssssssss
      Mas a gente fez muita merda com o apredizado de maquiagem, né não? Tb pintei muito as minhas pálpebras de rosa, verde, azul, marrom, prata, lembra?rssssssssssssss Para retirar aquele rímel quase ficávamos sem pestanas! Olho careca! rsssssssss
      E o gatinho feito com delineador? Meu Deus, teve até um delineador plastificado que a gente tirava como se fosse uma película, lembra?
      Ah, mas foi bom, confessa, a gente gostava!
      Bjsssssssssssssssss, quérida!

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  5. OI CLÉA!
    OLHA, ME DIVERTI, DEI MUITA RISADA, QUANDO DEFINISTE TEUS OLHOS COMO ESTUFADINHOS E CAÍDOS, ME MATEI DE RIR.
    MAS, TODAS NÓS MULHERES, ANTES DE VIRARMOS PRINCESAS, PERANTE NÓS MESMAS, PORQUE SOMOS NOSSAS MAIORES CRÍTICAS, FOMOS BRUXINHAS MESMO.
    ABRÇS

    zilanicelia.blogspot.com.br/
    Click AQUI

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    1. Oi, Zi, que bom que se divertiu!
      Gosto disso, gosto mesmo quando alguém se diverte, ri, e relaxa com minhas histórias: sinto-me veículo de bem estar. E me faz bem.
      Quanto aos meus olhos, são isto mesmo e agora, com a idade, sabe como é a tal da D. Lei da Gravidade: tudo pendura! rsssssssss Então eles estão mais caidinhos!rssssssss
      Sorte nossa que, a maioria de nós, pelo menos, depois da fase de bruxinhas, encontramos nosso jeito de ser, passamos a nos respeiar na nossa forma e assumimos o nosso estilo!
      Bjsssssssssssssss, quérida!

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  6. Oi amiga Cléo!

    Já ri até ter dor de barriga e tive que ler para a família inteira,que riu também comigo.Você poderia muito bem ser artista cômica da TV.
    Quanto ao texto vc pode publicá-lo ou mandar para quem vc desejar,principalmente para suas filhas,minha querida.

    Bjssss e um lindo feriado,
    Leninha

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    1. Oi, Leninha querida,
      Fiquei feliz de verdade quando li que se divertiu com meu relato e junto com a família: melhor ainda!
      Essas questões com a beleza perseguem as mulheres, né não? Tanta cobrança, caramba! E as pequenas mulheres, as jovenzinhas, até que se descubram, ai, ai, ai!!! rssssssssssss
      Obrigada, querida, vou enviar rapidinho o texto pra elas!
      Bjsssssssssss, quérida e lindo feriado procê também (quer dizer, finzinho de feriado, já são quase 18h!)

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  7. Adooooooooooooooooooooooooooro esses seus "remembers"... tão bom... tanta história, tanta vida...
    Mas baton violeta é que há hein ?
    Ainda bem que seu pai tinha um olho bom para perceber essas coisas, mas a gente nunca entende nossos pais né ?? srrsrs

    Estive tão corrida este último mês e atrasei e muito as visitas, mas vim tomar café e como sempre encontrei o bule cheio, srrsrs


    Bjus 1000 queridona

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    1. Olá, querida Pepita!
      O bule sempre tá cheio procê, menina!
      Pois é, batom violeta! Merecia internação né não? Mas, no dia fiquei danadíssima da vida! rsssssssss
      Só entendemos pai e mãe muito tempo depois! O lamentável é que ainda conheço pessoas que, mesmo cascudas, ainda não entenderam! Acredita? Verdade!
      Bjssssssssssssssss, quérida, Deus a abençoa!

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  8. Oi Cléa!
    Agora já sabemos de onde vem tanto senso de humor!rsss
    Adoro a maneira deliciosa com que você descreve estas estórias do seu cotidiano. Amei! Embora adorasse aquelas revistas da Avon com seus perfumes que na época eram maravilhosos, nunca gostei de me maquiar.rss
    Beijinhos e um lindo fds!

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    1. Olá, Valéria!
      Ao contrário de vc, adorava uma maquiagem! Pintava os "oião" que era uma beleza (claro que depois dos quinze anos)! E adorava um batom, mas, de preferência, vermelho e nada de cintilantes! rsssssssssssssss
      Bjsssssssssssssssss, quérida, lindo fds procê tb!

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  9. O tempo cura todas as feridas né não? até a de estar desastrosa...rsss...que palavrinha tão carinhosa....rsss...jeitinho mais meigo de dizer que a filhota tava horrorosa né? rsss

    Aos olhos dele, uai, porque um batom rosa aos doze anos é tudo que ser quer na vida! Oh, se!

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    1. Oi, querida!
      Olha, curar, curar, curar, tem umas que não curam não! Criam uma casca mais grossinha, mas se futucar, ah, meu bem, sangra!
      Mas essa em questão, curou! Com a maturidade que trouxe o entendimento. Sabe que até hoje (olha que tento, hem?) não descubro um rosa que dê certo?!!! Qdo era mais jovem, por volta dos trinta, trinta e cinco, usei uns pinks que ficaram legais. Porém, atualmente, tenho procurado uns suaves, secos, mais pra cor de boca, que faça-me o favor: tem ficado uma bosta! Dou todos! Passo adiante depois que experimento e não fico bem. Será que é trauma??? rsssssssssssssssss
      Bjsssssssssssssss, quérida!

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  10. Você me fez recordar coisas já esquecidas, olha só... os perfumes do Avon, Topaze, Bem-me-quer!
    Quando vejo hoje essa marca em propagandas na tv só me vem um pensamento - coisa mais jurássica! E quem não tem lembranças doloridas (hoje engraçadas)da adolescência? Eu também tenho as minhas, mas não sei transmiti-las com tanto humor. Hoje observando minha neta adolescente tão cheia de personalidade e decidida fico aqui pensando, nossa, venho de um tempo que amarravam cachorro com línguiça.
    Bjs

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  11. Oi, Lourdes!
    Pois é, ainda errei no nome: era Topaze, não Topázio como escrevi!
    Nossa geração foi criada de outra forma, não havia tanta informação nem exigências nem coranças "sociais". De um certo modo, fomos mais livres: a falta de certas informações nos deixam soltas, penso eu. Para sonhar.
    O que tenho me perguntado é: com que sonha a juventude que me cerca?
    Bjssssssssssss, quérida!

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  12. Oi Cléa, é a Vi, esse perfume topázio minha irmã Cris ganhou do namorado certa vez, eu nunca fui chegada a perfumes .
    Me lembro de um episodio do aniversario do meu irmão que deram um perfume para ele, eu criança , bocuda e sem suportar perfumes ao cheirar o tal almíscar fiquei para morrer e falei que cheirava extrato de gamba..
    O pior é que quem deu o perfume, ouviu o que eu falei e me disse uns desaforos(com razão) e eu fiquei sem saber aonde enfiar a cara.
    Tem um tempo na nossa vida que tudo parece absurdamente desproporcional, ou é as orelhas, ou é os pés, ou o nariz, sem duvida tive muitas coisas desproporcionais, mas a pior delas foi a língua, passei vergonha por causa dela.
    Beijos,Vi

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    1. Oi, Vi, querida!
      Ao contrário de vc, eu adorava um perfume: tb, filha de barbeiro, acostumada a conviver com os aromas das loções para cabelos e barbas, né? Depois de burra velha é que desenvolvi uma sensibilidade a aromas impressionante, de dar enjôos e enxaquecas! Vai entender!
      Mas não achei que vc exagerou ao falar do perfume, quem extrapolou foi quem lhe deu a bronca, penso eu. Afinal, vc era uma criança, ora!
      Sua língua não foi desproporcional: foi sincera! rsssssssssss
      Bjssssssssssssss, quérida!

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Bjssssssssssssssssssssssss