quarta-feira, 27 de junho de 2012

Que linda você era!

 


      Penso que tinha meus seis anos. Penso mesmo,  porque não tenho certeza! Estava no portão lá de casa, mas não lembro fazendo o quê nem com quem. Vi que o meu tio Moacyr (tio Moa) vinha chegando e corri para abraçá-lo. Corri  por uma distância de uns três, quatro metros até envolvê-lo pelas pernas. Ele tinha as mãos ocupadas por dois embrulhos, mas isso não me chamara a atenção: queria apenas aquele momento de liberdade e afago. Já não sei se ele abaixou-se para abraçar-me também ou se essa imagem que tenho na lembrança foi criada por mim, mas é assim que me lembro desse momento.
        Então, ao levantar-se depois do abraço, ele estendeu--me os dois pacotes - que a mim pareceram iguais: papel de embrulho rosa, daqueles bem grosseiros, amarrados com barbantes - e pediu-me que escolhesse um, que era o meu presente (também não lembro o motivo do presente, se era o meu aniversário ou não). Ah, não hesitei nem um pouco: os dois, para mim, eram iguais, como disse! Peguei um deles e desembrulhei ali mesmo! Ah, meu Deus! Era uma boneca linda! A minha primeira boneca de verdade (até então eu somente tivera as "bruxinhas" de pano que minha avó materna nos fazia e com um carinho enorme!)! Era uma boneca chamada Pupi, da Estrela, imaginem! Na verdade, eu, naquela época, não tinha noção do que era a  marca Estrela, muito menos de coisas terem marcas. Mas a minha boneca era, para mim, a mais bela!
NESTE ESPAÇO HAVIA A FOTO DA BONECA QUE, INADVERTIDAMENTE, RETIREI DA INTERNET E PUBLIQUEI SEM PROCURAR SABER DE QUEM ERA PARA DAR-LHE O DEVIDO CRÉDITO.
 "Oi, Ana,
Perdoe-me! Retirei da internet e, no afã e alegria de ter encontrado a imagem da minha infância, nem observei que tinha dono e nem pensei, confesso, que deveria (uma vez que não era para uso comercial) procurar quem era o dono da imagem.
Vou fazer uma observação no texto ou retirar a imagem pois sinto que ficou muito incomodada por eu tê-la usado. Perdoe-me mesmo, não tinha noção de que estava sendo grosseira com alguém ao usar a imagem, portnto não foi falta de gentileza, foi ignorância mesmo".

Esta é a resposta que coloquei no comentário recente (de 17/01/2013) para a autora e dona desta foto acima: ANA CRISTINA CALDATTO. Creio que não há mais a dizer.
        
       Passei os três dias seguintes no céu: tudo era lindo e colorido à minha volta e aquele cheiro de plático duro (ou baquelite?) era inebriante, quase um éter ou lança pergumes! Viciante mesmo: não me cansava de colocar o nariz sobre a boneca para absorver o seu aroma!! Ah, e ela chorava, imaginem só! Bastava arriá-la para a horizontal, como se ela estivesse deitada, e depois levantá-la para colocá-la de pé: fazia um funhéééénnnn espetacular! Minha mãe deve ter quase enlouquecido por aqueles dias de tanto ouvir o tal funhéééénnnn! rsssssssssssssssss
       Mas, nem tudo o que reluz é ouro, nem tudo o que balança cai e alegria de pobre dura pouco, já dizia o sábio Zé Povinho. Três ou quatro dias depois de eu ter ganho a minha primeira boneca, meu querido primo de doze, treze anos, apareceu lá em casa (morávamos pertinho). Devo ter exibido a minha boneca feliz da vida, né? Devo ter balançado bem a danada, pra trás e pra frente, deitado e posto de pé, para fazê-la soltar inúmeros e desesperados funhéééénnnnssssss, com certeza! O que consegui? Consegui despertar a curiosidade do moleque para o choro escandaloso da boneca! Suponho que ele deve ter dado tratos à bola sobre qual era o mecanismo que a fazia emitir aquele som. E descobriu! Só que... para descobrir precisava abrir o corpinho da minha boneca, vejam só que crueldade!
       Não sei como ele a pegou, qual foi o momento em que me deslarguei da bonitinha, que artifício foi usado por ele para que tal acontecesse e se é que ele usou de algum artifício. Não sei. Não lembro de nada mesmo! Apenas suponho. Suponho que ele a pegou e tentou abri-la ao meio para ver o que que estava lá dentro imitando aquele choro esprimido. Pode ter tentado primeiro puxando com as mãos, depois tentando inserir uma faca pela lateral do corpinho, na emenda. Não conseguindo dessas formas fez o que restava fazer: jogou-a ao chão para que partisse! E partiu, espatifou-se em alguns pedaços e fez rolar o dispositivo que fazia o choro: era uma espécie de cilindro curto que guardava lá dentro um não sei o quê. Sei apenas que, ao escutar o choro da minha bonequinha vindo do lado de fora da casa, saí depressa, correndo, e o encontrei segurando o tal cilindrozinho entre os dedos, balançando-o prá lá e prá cá, fazendo funhééénnn, funhééénnn! O danado, ao me ver já chorando, começou a rir, a pular e a correr pelo quintal. Daí pra frente, não lembro de mais nada. Ficaram apenas essas imagens embaçadas e a doce lembrança da bonequinha que, por acaso, encontrei nas imagens do Google: Pupi, que linda você era!

       Cléa Siqueira
      

25 comentários:

  1. Nossa amiga estamos em sintonia. Hoje também escrevi um post com as lembranças de infância que vou postar amanhã. Não sei relatar memórias com o mesmo humor que você faz. Com você não dá nem pra ficar triste com a traquinagem do seu maldoso primo. kkk (perdâo) kkkk

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    1. Oi, querida Lourdes!
      Mas consigo entender a "maldade" do primo: curiosidade daquelas crianças mais técnicas, que querem descobrir o "como é que acontece" e daí, não há outro jeito se não o de estrupiar as coisas. O problema é que fiquei sem boneca, né? rssssssssssssssssssss
      Ai, como ele foi bandido! rsssssssssssssssssssssss
      Bjssssssssssssss, quérida!

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  2. Oi Cléa :)
    O mais triste realmente foi vc ter ficado sem sua boneca chorona.
    E pelo exemplo da imagem,ela era linda hein?!
    Eu também tive primos que destruíam meus brinquedos!
    Bjs e uma ótima tarde!

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    1. Oi, minha querida Clau,
      sempre tem os primos que destróem os brinquedos da gente! rssssssssssssss Vc teve o seu, eu tive o meu e minhas filhas tb tiveram meu sobrinho para sacaneá-las! Porque, vamos combinar, é sacanagem, né não?
      Só que, qdo eu estava mais velhinha, vinguei-me: roubei um monte de bolinhas de gude dele, da lata que ele escondia em casa! rssssssssssssssssss
      Bjssssssssssssssssssssss, quérida!

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  3. Oi Cléa!
    Ai menina fico imaginando o seu desapontamento e que dó de você e da boneca! Que maldade!
    É, existem crianças assim, não sei se só por curiosidade técnica ou um tantinho de inveja, sei lá, e fazem destas. Eu teria enfartado!rsss
    Beijinhos!

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    1. Oi, querida Valéria,
      é, deu vontade de enfartar tb acredite! E foi realmente uma grande decepção, pensando melhor agora, possivelmente a minha primeira grande decepção, frustração, tristeza. Mal sabia eu que ainda teria muitos sonhos espatifados! Era só o começo de um longo e contínuo aprendizado! Vida que segue.
      Bjssssssssssssssssssss, quérida!

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  4. Oi Cléa, é a Vi, tem gente que já nasce com espirito de estraga prazer, não é?
    Eu iria manter distância de um tipo desses, kkkk
    Eu também tinha uma boneca especial, mas minha mãe só deixava a gente pegar nela no natal, depois guardava, até hoje os "restos mortais" da boneca se encontra guardado, pois tem quase minha idade, e não resistiu a ação do tempo e ficou só o pó da rabiola, diferente de mim que estou nos "trinques",kkkk.
    Beijos,Vi

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    1. Oi, querida Vi,
      até que este meu primo não foi muito espírito de porco não. Tb a primeira que aprontou valeu pelo resto todo que poderia ter feito, né?
      Minha mãe não guardava não, dizia pra nós tomarmos conta, aí, dava nisso, às vezes.
      E que sorte que vc está nos trinques e a boneca virou pó de rabiola, hem??? Esse é o nosso poder sobre os objetos, rssssssssssssssssss!!
      Bjssssssssssssssssssss, quérida!

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  5. Cléa querida, vc desenterrou uma lembrança deliciosa da minha infância agora, eu tive uma Pupi, foi a minha primeira boneca, meu pai chegou do serviço com o presente na mão.Mas a que mais me marcou foi a Beijoca, não sei se vc lembra, era linda, grande, a gente unia os bracinhos dela pra dentro, ela fazia o som do beijinho e a boquinha dela fazia biquinho. Affff que saudades amiga, adorei o post, e como vc, adorava o cheirinho de boneca novinha, que delicia! Seu primo foi malvado hehe mas como criança que tbém era está perdoado hehe. Bjocas

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    1. Oi, minha querida Josy!
      Mais uma coisa em comum: nossa primeira boneca foi uma Pupi!
      Claro que lembro da Beijoca! Ela era linda! Aqueles beijinhos eram o sonho de consumo das meninas daquela época!
      Será que fomos viciadas em cheiro de boneca novinha? rsssssssssssssssss
      Bjssssssssssssssssss, quérida!

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  6. Cléa,que gosotsas lembranças vc me desperta.Eu adorava o cheirinho da boneca nova.A primeira que ganhei era uma bebê, seu nome era Rosaura(não me lembro por que),mas chorava como a tua Pupi e eu sacudia a coitada toda hora.
    Ah, esses primos danadinhos e sem coração,rsrsrsr.
    Bjos querida,
    Calu

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    1. Oi, Calu querida!
      Mas, das minhas poucas memórias de criança, uma das mais marcantes é o cheiro da boneca nova! Era uma espécie de droga mesmo, eu ficava cheirando o tempo todo! rssssssssssssss
      Não lembro da Rosaura, mas devia ser linda também: um bebê!
      Pois é, hoje o primo danadinho e sem coração é um senhor de sessenta e cinco anos e, acredite, tem uma família de cachorrinhos que trata como bebês! Um amor!
      Bjsssssssssssssssssssssss, quérida!

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  7. Aff, Dodoca (eu sei que é Clea, mas eu gosto de Dodoca, srrs) eu se pego esse teu primo dou-lhe uns bons cascudos... que bandido !!! rsrsr
    Menino malvado !!
    Eu tive a Mimadinha, que chorava, que ria, aliás ainda tenho, mas agora ela é muda, rsrsr

    ADooooooooooooooooooro seus posts, delícia total !!!

    Bjus 1000 queridona

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    1. Olá, minha Pepita querida!
      Pode chamar de Dodoca, é uma honra!
      Ah, eu tb queria dar uns cascudos nele, mas a diferença de sete anos em nossas idades não me permitiria jamais, só se ele estivesse dormindo! rssssssssssssss
      Por que será que a MImadinha parou de chorar e rir? O que foi que a senhorita fez com ela? rssssssssssssssssssss
      Obrigada por gostar dos meus posts: eu adoro fazê-los pra vocês!
      Bjssssssssssssssssss, quérida!

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  8. Menina, nem me lembro do nome da minha primeira boneca, mas eu, ao contrário de todas vocês, muito curiosa que era (e sou), eu mesmo destruia minhas coisas para saber como funcionava. Eu ia desmontando, desmontando até estraçalhar. Até tentava montar novamente, mas sempre sobrava peças e ai já viu né... O tempo bom...
    bjs querida (vou tirar umas férias bem longas e estarei de volta só no finalzinho de julho) mas volto, juro que volto.

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    1. Ai, querida Maristela, que bom que vc não era minha prima: eu teria mais coisas destroçadas, né não? rssssssssssssssssss
      Quer dizer que vc era dessas futucadeiras e desarranjadeiras? Quem diria, hem? Com essa carinha lindinha, jeito meiguinho, toda pequenininha, e era um tornado! Méo Déos!!! rsssssssssssssssssssss
      Aproveita as férias, amiga, espero ansiosa o seu retorno!
      Bjssssssssssssss, quérida, Deus a abença!

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  9. Mas que maldade.....vc deve é ter-lhe dado um belo de um safanão...rsrsrs...

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    1. Oi, minha querida menina!
      Que nada! Dei safanão nenhum! Eu tinha seis anos e ele doze pra treze, um molecão, nem que eu quisesse dava conta! rssssssssssssssssss
      Mas bem que ele merecia, né não?
      Bjsssssssssssssssss, quérida, Deus a abençoa!

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  10. Venho aqui pra desejar uma ótima noite e apreciar mais uma vez seu blog com seus textos muito bonitos, além é claro, sua visita constante no meu blog

    Abraços,
    RioSul

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    1. Olá, Thiago!
      Boa noite procê tb!
      E obrigada pelo elogio aos meus textos!
      Visito seu blog porque gosto muito de suas postagens inteligentes e de interesse público!
      Bjssssssssss, quérido!

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  11. Oi Cléa!

    Você me faz rir muito com suas histórias, até as tragédias viram comédia sob sua narração!
    Que peninha da boneca, e mais ainda de ti, diante de sua primeira grande perda - pois para nós, crianças, essas perdas são imensas e o sentimento de frustração sem limites! A diferença, porém, é que na infância tudo isso é momentâneo: sofremos na hora, logo depois esquecemos e perdoamos. Na vida adulta a coisa não é bem assim... quebrem a nossa boneca pra ver! rsrsrsrs
    No fim das contas, essas pequenas tragédias da infância nos preparam pra vida, não é assim? Brinquedo existe pra ser usado e, inevitavelmente, quebrado ou destruído em algum momento... temos que aprender a lidar com isso! Parabéns pra você, que sobreviveu! rsrsrsrs

    Beijo, lindo fim de semana por aí...

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  12. olá Clea boa postagem
    mas gentilmente postar credito da imagem da boneca ela é minha de minha coleção e foto
    :)

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    1. Oi, Ana,
      Perdoe-me! Retirei da internet e, no afã e alegria de ter encontrado a imagem da minha infância, nem observei que tinha dono e nem pensei, confesso, que deveria (uma vez que não era para uso comercial) procurar quem era o dono da imagem.
      Vou fazer uma observação no texto ou retirar a imagem pois sinto que ficou muito incomodada por eu tê-la usado. Perdoe-me mesmo, não tinha noção de que estava sendo grosseira com alguém ao usar a imagem, portnto não foi falta de gentileza, foi ignorância mesmo.

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Muito obrigada por participar do meu blog com o seu comentário.
Bjssssssssssssssssssssssss