- Não me olhe, por favor, não me olhe... apenas me veja, mas não me olhe! - disse ela abaixando os olhos.
Olhar sem ver... ele não entendeu. Franziu a testa e perguntou:
- O quê?
- Ah, como explicar...?! Não me olhe, não me olhe assim, deste jeito, procurando me encontrar.
- Não entendo, como assim? Diz como é, então, que olho! – insistia confuso: o que estava havendo com ela?
- Estou... mais velha! Não me olhe tanto! Estou mais velha! – Soltou por fim a preocupação.
- Também estou, que bobagem! – Sorriu meigo e aliviado.
- Já notou as rugas? Rugas, meu querido, rugas! Sabe o que é isso? Estes filetes navalhados no rosto, estes mil caminhos? – Percorria com o indicador a própria face que, para ele, era a mesma que conhecera tanto!
- Estou num destes caminhos... - interrompeu vaidoso passando-lhe a mão suave em seu queixo.
- Em nenhum deles você está, retrucou magoada, não houve tempo: três meses há doze anos!
Calou-se a observar os olhos entristecidos da mulher ao seu lado e afundou em si mesmo. Tentou voltar naquele tempo, relembrar, ver se entendia o que tanto a ferira: tinha tão boas lembranças!
Ela o olhava ansiosa por palavras que não vinham. Em que ele pensava? Por que não dizia?
- Por que nada diz? – perguntou enfim, aflita. - Já sei, você me olhou, viu as rugas, lembrou-me sem elas e ficou chocado, não é? Não precisa negar, eu sei! Também me espantei quando as percebi me invadindo, rasgando minha face sem sangrar a carne. Para ser bem verdadeira, ainda não me acostumei, ainda me assusta e irrita! Se me detenho na frente de um espelho, sem interrupções, transformo meu olho em lente microscópica, aproximando-me de meus poros... e todas aquelas linhas finas e emaranhadas parecem ser as grades de uma prisão de onde nunca mais sairei...!
- Pensa nisto não... – sussurrou carinhoso.
- Pensar? Não é pensar, é olhar, está aqui! - Apontou o rosto.
- Não olhe, faz o que me recomendou: apenas veja...
Cléa Siqueira
Belíssimo texto.
ResponderExcluirBeijo
Oi, Nina!
ExcluirBom reencontrá-la aqui!
Obrigada !
Bjsssssssssssssss, quérida!
Oi Cléa,
ResponderExcluirQue belo texto! Como todos os que você posta... As marcas do tempo aparecem e assustam alguns mais do que outros! Talvez o segredo seja esse: apenas ver, não olhar. Saber que estão ali sem ligar para elas, sem pensar muito no que significam... Faço isso, sabia? Acho que no fundo as rugas não importam tanto assim, não mudam, não alteram, não diminuem a beleza de um coração! E quem nos ama de verdade está sempre olhando para muito além das rugas a ponto de nem sequer percebê-las!
Beijão pra você.
Oi, querida Susy!
ExcluirDe fato, quem nos ama não se importa com as rugas que vão surgindo, sem dúvidas!
E, penso, minhas rugas testemunham a minha vida e contam a minha história. Mas sempre tem aquela coisa da vaidade quando o tempo passou e não vimos mais o outro: queremos parecer bonitas, nem digo jovens, e caímos na velha cilada de que a nossa aparência não vai ser agradável de ver. Que bobagem!
Somos o que somos, o que vivemos e o que nos tornamos!
Minha neta me pergunta sempre sobre a ruga que tenho no meio da testa, entre os olhos, sente prazer em me ouvir: "Ah, querida, esta linha foi aparecendo quando sua mãe ainda era pequenina: eu a amava tanto que ficava preocupada com ela durante todo o dia enquanto trabalhava! Aí sua Títi (é como ela chama a tia) nasceu, e a linha foi ficando mais forte, agora tem você e tem Miguel, já imaginou? É uma ruga de muita preocupação e saudade."! Ela adora ouvir a minha exlicação!
Mas é assim que as rugas surgem, com a gente vivendo muito!
Bjsssssssssssssss, quérida, Deus a abençoa!
Olá,boa noite!!
ResponderExcluirQue ele não olhe e nem repare muito no aspecto físico,mas que veja a alma dela.
E que ela tenha rugas pela face,mas não tenha angústia no peito.
Pois é...o tempo passa,tudo muda,inclusive nós.
Parabéns pelo texto,viu Cléa!!Muito bom.
Bjs \o/
Boa noite, Clauzinha do meu coração!
ExcluirQue veja sempre a alma, que é o que importa!
Ah, também concordo: rugas fazem parte da vida, são nossas testemunhas, mas angústia no peito, meu Deus, é um fardo muito pesado! Vira amargura e ninguém gosta de quem é amargo, né não?
O tempo passa, nós mudamos, mas a nossa essência deve permanecer, por ela vale lutar até engilhar-se toda, como um papel amassadinho!
Bjssssssssssssss, quérida, Deus a abençoa!
Oi querida, inspirada você hem!!!! Pois é, tempo, tempo, tempo (tem até uma música bonita da Maria Gadu, mas claro, eu não sei a letra...kkk). Ainda bem que envelhecemos, perdemos a beleza física mas acho que ganhamos em outros aspectos.
ResponderExcluirBjs
Oi, Maristelinha do meu coração!
ExcluirA música, na verdade, é de Caetano, mas a gravação de Maria Gadu está adorável! Gosto muito dessa menina.
Como já disse numa postagem antiga: quem não envelhece é porque morreu! É a vida, faz parte do processo, inclusive enrugar, né não?
A beleza está nos olhos de quem olha, então, não temos que nos preocupar com a passagem do tempo. É que a vaidade... dá umas futucadas e faz sua exigências mimadas. Resta saber quem vai satisfazê-las e alimentar o monstro! rssssssssssssss
Bjsssssssssssssssss, quérida!
Oi querida, respondi a tua pergunta,no Longevidade e de tão boa, acrescentei à postagem.
ResponderExcluiro seu texto é muito inspirado e inspirador.
beijinho
Oi, Sil,
ExcluirVou lá ver, que estou realmente insegura quanto à questão! E ainda sabendo que passou a fazer parte da postagem, ui, ui!
Obrigada pelo elogio ao texto!
Bjssssssssssssssss, quérida!
ResponderExcluirOlá Cléa,
Que tal escrever um romance? Este diálogo está fascinante.
Há poucos minutos atrás, quando estava medindo a pressão de minha mãe, ela disse: "Olha o meu braço como está cheio de pelanca". Comecei a rir e disse a ela que era inevitável e que temos que aceitar a velhice. Ela é muito vaidosa nos seus 87 anos. Não é fácil ver o corpo marcado pelo tempo. As rugas incomodam, sim, mas contam histórias de vida.
Quem nos ama, vê além da aparência física. Aceita-nos pelo que somos e pelo que enxerga em nosso interior.
Fico feliz por você ter gostado do texto que publiquei e por ele corroborar seu entendimento a respeito da "Espera". Se o texto puder auxiliar alguém já terá valido a pena o ter selecionado para publicação.
Beijão.
Querida Vera,
ExcluirRecomendei sua postagem à pessoa que, na minha opinião, necessita urgentemente entender que a espera é necessa´ria e que não temos o controle sobre o tempo.
Quanto ao meu diálogo acima, bom ele faz parte de um pequeno acervo dessas questões sobre as transformações do tempo em nossa aparência - preocupação de tantos atualmente!
Um romance? Tenho dois, mas não os julgo de boa qualidade. Alguns trechos até dão certo ibope, mas... é um caso a pensar: retomar esse sonho. Quem sabe?
Bjsssssssssssssss, quérida!
Vc trouxe aqui,com enorme sensibilidade, um diálogo que todas nós em algum momento tivemos, quando não, foi monólogo.Ah, esses caminhozinhos que o senhor tempo teima em desenhar somente em lugares bonitos.Fazer o quê?Ele comanda o baile, então vamos valsar a dança da vida.
ResponderExcluirMil bjkas, Cléa,
Calu
Pois é, minha amiga Calu,
Excluirsão os nossos dragõezinhos, né não? Ou nós, nesses encontros com o tempo, é que nos sentimos dragões? rsssssssssssssss
De qq modo, coisas do tempo mesmo e só os vive quem sobrevive, então, como vc diz: vamos valsar a dança da vida!
Bjsssssssssssss, quérida!
Epa, ví ai em cima que você tem dois romances? Conta essa história direitinho...
ResponderExcluirComeço, meio e fim. Tin tin por tin tin.
Ah, Maristelinha!
ResponderExcluirSou uma mulher muito amorosa! rssssssssssssssssss
Claro que, do primeiro casamento até o segundo (20 anos), tive alguns romances de entremeio! Mas este texto aí de cima não é real: é fruto de divagações, suposições, sonhos, viagens pelo tempo. Coisas de alma de escritora!
Bjssssssssssss, quérida!
P.S.: Quando vc vier ao Rio ou eu for em Marília, teremos uma tarde de conversê, aí eu conto as minhas histórias amorosas dessas últimas quatro décadas e meia. Que tal? rsssssssssssss
Oi quérida!!
ResponderExcluirE pra SP?? Vc não vem não? rsrs.
Esse texto é lindo. Vc escreve lindamente.
Tempo... passa pra todos mas o que vale mesmo é a essência, não é?
Adoro quando vc me visita viu?
Sempre me levantando, sempre me apoiando e aturando minhas postagens im ensas, rsrs.
Obrigada, de coração!!
Beijão!
Oi, menina!
ExcluirAh, claro que posso ir a SP, nem duvide! rssssssssssss Vai ser papo pra mais de metro, né não?
O que vale é a essência sim, mas a aparência, para a maioria de nós, é o cartão de visitas! Vai entender! Somos visuais!
Tb adoro visitá-la e não aturo suas postagens não, eu me delicio com elas: sinto como se você estivesse conversando com a gente, bem a vontade, como boas amigas quando se encontram! Maravilha!
É um prazer!
Bjssssssssssssssss, quérida!
rsrsr, acho que esse papo é geral! Aí lançamos mão dos inúmeros cremes que podem dar uma mãozinha... Mas também podemos amenizar nossos 'caminhos' rsrs, lembrando sempre de uma fulana bem mais velha! rsrss E mais: quando não tem jeito, amiga, o melhor negócio é olhar não para o rosto, mas para o espírito, não tem outro jeito, a não ser lançarmos mão do botox, cirurgias e o escambau. Mas sei não... um espírito pra cima resolve muitas coisas! Além de ser o medicamento mais natural que existe, e sem dor.
ResponderExcluirComo sempre, aqui me divirto!
Beijão, Cléa!
Tais
Oi, Taís!
ExcluirPossivelmente a moça do texto sequer cogitou algum tipo de atenuante para o tempo! Apenas preocupou-se, ao reencontrar um ex-amor, em como ele a enxergaria após os doze anos de separação: o que é bem normal, para mim, num espírito feminino! Num outro momento, quem sabe, ela pensará na possibilidade de um botox, uma plástica, um peeling, né não? rsssssssssss
Só que, como vc diz, um espírito pra cima é muito boa solução!
Bjssssssssssssssssssss, quérida!
Oi minha querida amiga, que belo texto, lindissimo, de fato o que importa é a nossa alma, o que somos e o que fizemos de nossas vidas. Como diz S.Duboc em seu poema
ResponderExcluir"Minhas rugas mais bonitas
são aquelas marcas de expressão
que eu adquiri por tanto sorrir,
muitas vezes, quando o coração chorava."
Amei sua postagem, um grande beijo amiga e uma linda semana
Minha querida Josy,
ExcluirEstou com saudades!
O que importa é quem somos, mas nem sempre assim somos vistos, né? Talvez, por isso, tantos se preocupem com a aparência e corram atrás de "tapa-rugas"! rsssssssssssssss
Adorei este trecho de poesia de SDuboc, que não conhecia!
Bjsssssssssssss, quérida!
OI CLÉA!
ResponderExcluirGRATA POR TUA DELICADEZA LÁ NO "SÓ PRA DIZER" E TE RESPONDO, SE AINDA DESSES AULA EU FICARIA HONRADA SE USASSES UM TEXTO MEU.
EU ACHO QUE ESTÁS SEGUINDO UM CAMINHO LEGAL, TENS CRIADO TEXTOS, AGRADÁVEIS DE SE LER E COM CONTEÚDO, QUE NOS PRENDE ATÉ O FINAL.
QUE SABES ESCREVER JÁ SE SABE, MAS, ACHO QUE ANTES COLOCAVAS COISAS ACONTECIDAS E AGORA ESTÁS CRIANDO MAIS E ISSO É MUITO BOM, PARA NÓS PRINCIPALMENTE.
ABRÇS
zilanicelia.blogspot.com.br/
Click AQUI
Oi, Zi querida,
ExcluirAquela sua poesia sobre a Natureza me encantou de verdade!
Penso que boa parte das coisas na vida é exercício, portanto, novas tentativas na produção de uma postagem são necessárias, penso. Por isso a variação de temas nos meus escritos.
Exercito com a realidade e com a imaginação, por que não?
Bjssssssssssssssssssss, quérida e muito obrigada!
Oi querida!!
ResponderExcluirJá me redimi e nunca mais escrevo Dondoca, rsrs.
E olha que acho que não foi a primeira vez... abafa.
Menina, couve flor é um item proibido na minha dieta sabe, mas o trem tava tão bonito, tão cheiroso, que não resisti. Mesmo sabendo que sofreria depois, comi mais da metade de uma.
Minha barriga inchou feito balão (mesmo tendo tomado um remédio anti gases ), tive dores, e só hoje que tá "quase" normal.
Mas não me arrependo, comeria outra vez (e sofreria tudo de novo) se fosse pra matar a vontade, rsrs.
Falando nisso, coloquei as fotos no blog. Espia lá pra ver se não dá vontade.
Beijossssssss.
Minha querida Maria/Andréa!
ExcluirNão se incomode, acho até que abusei fazendo a correçãozinha (deve ser mania de professora, mesmo aposentada!rsssssssssss)! É só pq, penso eu, Dondoca dá uma sensação de peruísse fútil, né não? Preconceito besta que deve se explicar em "algum lugar do passado!" rsssssssssssss
Pois é, bem que pensei: isto é exatamente o que acontece comigo! rssss É como o feijão que adoro! Depois passo mal, mas como! rsssssssssssss
Vou lá ver a formosura e ... aprender mais uma para sofrer! rsssssssssssssss
Bjsssssssssssssssssss, quérida!
Oi Cléa, é a Vi,fui lá e comprei um creme que diz na embalagem diminuí as rugas e etc,kkkkkkk, eu acho que nossa vaidade é fonte de lucro.
ResponderExcluirMas falando sobre oque você escreveu, acho que essa é uma situação que a maioria das mulheres já viveu e se não chegou nas rugas, ainda vai viver, encontrar pessoas do nosso passado, principalmente se era um romance, nos faz olhar no espelho e querer voltar no tempo.
Muitos beijos,Vi
Vi, meu docinho!
ExcluirTô precisando URGENTE de um creme maravilha desses! rsssssssssssss
De fato vc está, mais uma vez, certíssima: como damos lucro para as empresas de cosméticos! Fazer o quê? Coube a nós, mulheres, representarmos a beleza na terra! rsssssssssssssss
Pois é, você sacou direitinho a história! Não tem aquela que não vai, pelo menos, se perguntar: "Ai, meu Deus, como será que estou?" e correr pra frente do espelho pra conferir!
Bjsssssssssssssssss, quérida!
Minha amiga, sou adepta dessa frase...que pra mim nada mais diz que a pura verdade:
ResponderExcluir"Minhas rugas mais bonitas são aquelas marcas de expressão que eu adquiri por tanto sorrir, muitas vezes, quando o coração chorava. "
Grande abraço,
Boa Noite
Querida Renata,
ExcluirDe fato, as rugas são testemunhas do que vivemos e como vivemos. Mas, creio que, na situação descrita, não há vaidade feminina que não se estremeça! Coisas da nossa alma o querer estar bem, ser bem vista fisicamente - não falo aqui da alma no sentido da essência, falo da alma feminina que gosta das belezas de ver! rssssssssss
Bjssssssssssssss, quérida!
Sim vou sempre conferir e as vezes não gosto muito do que vejo,mas a vida é isso precisamos apenas ver!!
ResponderExcluirComo sempre belíssimo texto!!
Beijo
Oi, Eliana!
ExcluirÉ, também confiro e também, às vezes, não gosto. Nesses momentos é que digo pra mim: "ué, querida, o tempo passa, tá querendo o quê? Mumificar? Pára com isso, Cléa!" rsssssssssssssss e toco o barco! Apenas vejo!
Obrigada, meu bem.
Bjssssssssssss, quérida!
Olá amiga.
ResponderExcluirRealmente o tempo passa, mas traz sempre experiencias em aprendizados, nos dão certezas de tarefas feitas, momentos de alegria e de felicidades plenas e outras nem tanto, mas que em cada rugas em nossos rostos, possam assinalar que vivemos tudo com intensidade e vivemos felizes
Uma quinta-feira feliz
Abraços,
RioSul
Oi, Thiago,
ExcluirPenso que o grande aprendizado é usar o tempo a nosso favor e não vê-lo como um algoz, né não?
Quanto às rugas, essa é uma questão que incomoda muito a muitas pessoas atualmente. Deveriam ser vistas, como vc disse, como prova de que vivemos com intensidade, mas... nem sempre é ssim que funciona!
Bjsssssssssssssssssssss, quérido!
Adorei o texto!
ResponderExcluirbeijos,
Danielle
Oi, amor!
ExcluirQue bom que vc gostou! O tempo passa, né?
Bjsssssssssssss, quérida minha!
Olá Amiga
ResponderExcluirPrometo que não irei olhar, mas com certeza irei ver sempre seus textos bem escritos e postado.
Abraços,
RioSul