quarta-feira, 14 de setembro de 2011

“eu sou muito mais do que isso, não vou me limitar a ser uma ruga”.

09/09/2011 às 11:20

Elas não têm medo do tempo: Mirian Goldenberg explica quem são as 'novas velhas'


A antropóloga Mirian Goldenberg. Foto: Divulgação
Por: Pollyana de Moraes
Tratamentos estéticos, dietas rejuvenescedoras, cirurgias plásticas... A lista de opções para retardar o envelhecimento não para de crescer e de atrair mulheres (cada vez mais jovens). Na contramão dessa busca pela juventude a qualquer preço, estão aquelas que fizeram as pazes com o tempo e com o espelho, por uma vida mais feliz. São as “novas velhas”.

O termo foi debate no espaço “Mulher e Ponto”, na Bienal do Livro, no Rio. A antropóloga e pesquisadora Mirian Goldenberg, uma das palestrantes do evento, explica ao GNT o significado de “novas velhas” e ensina o que toda mulher pode aprender com elas.

GNT: O que significa ser uma "nova velha"?
Mirian: Pesquiso o termo há quatro anos, apesar de não ter criado o conceito. Falo sobre isso no meu livro “Coroas” (Record). Pelas minhas pesquisas, descobri que as mulheres com mais de 50 anos se preocupam menos com o envelhecimento. Elas querem qualidade de vida, saúde, sair com as amigas, viajar... São o que eu chamo de “novas velhas”. Enquanto isso, as mais jovens, com 30, 40 anos, têm medo de envelhecer e se preocupam principalmente com duas coisas: com o corpo e com a falta de homem. Acabam antecipando o processo de envelhecimento que, na verdade, é inevitável.

GNT: Com os avanços da medicina estética e da defesa de uma vida saudável, muita gente acha que só envelhece quem quer. Você concorda com isso?

Mírian: Na verdade, só se preocupa com a velhice quem quer. Se a mulher tiver saúde, sabedoria e, claro, um pouco de dinheiro, pode viver essa fase sem pressões. Existe espaço também para mulheres reais que inventam um jeito novo de envelhecer. O problema é o seguinte: se a mulher colocar o foco na opinião do outro, ela está perdida! Quem se preocupa com os padrões impostos pela sociedade fica infeliz, porque não dá para acompanhar. Se a escolha for pensar positivo sobre os ganhos da maturidade, então a satisfação pessoal é muito maior.

GNT: O que muda na relação da mulher com o próprio corpo com essa possibilidade?
Mirian: Ela não se permite mais ter tantas frustrações e faz da vida uma oportunidade para se realizar pessoalmente.  Essa “nova velha” não fica mais buscando provas do envelhecimento, em possíveis rugas ou na flacidez, por exemplo. Ela passa a olhar o todo, sem o detalhe da imperfeição. Cuida da saúde e se redescobre, fazendo coisas que antes não teria coragem de fazer, como namorar homens mais jovens. Conheci duas senhoras de 75 anos que até fizeram tatuagem!

“No Brasil, a mulher de 30 anos está sofrendo com a velhice”

GNT: Apesar desse novo perfil de mulher, você acha que a juventude pode ser considerada uma obsessão?
Mírian: Para algumas mulheres, sim, principalmente quando mais jovens. Isso é um desperdício de felicidade para a mulher brasileira. Fiz uma comparação entre as brasileiras e as alemãs e observei que, enquanto no Brasil a mulher de 30 anos está sofrendo com a velhice, a alemã está preocupada em curtir a vida. A consequência disso é que no Brasil a mulher vive muito mais a velhice do que a juventude. O problema é que ninguém consegue ficar mais jovem. É uma luta perdida.

GNT: O que você recomenda às mulheres que têm medo de envelhecer?
Mirian: Recomendo informação e que leiam meus livros! (Risos). O que quero dizer é que é importante conhecer a história dessas “novas velhas” que trago no meu livro “Coroas”. As mulheres se apegam a uma ruga ou a uma celulite, enquanto deveriam pensar “eu sou muito mais do que isso, não vou me limitar a ser uma ruga”.

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